Um filósofo para espíritos livres
Nietzsche é um dos filósofos mais importantes de todos os tempos. Com um estilo único de filosofar, não foi muito reconhecido no seu tempo. Um homem solitário e doente, que ficou 10 anos vegetando numa cama antes de morrer.
Entretanto, pouco a pouco seus escritos vão conquistando admiradores, ao ponto do filósofo alemão ter se tornado um dos mais influentes pensadores do século XX, extremamente citado e debatido.
Entretanto, pouco a pouco seus escritos vão conquistando admiradores, ao ponto do filósofo alemão ter se tornado um dos mais influentes pensadores do século XX, extremamente citado e debatido.
Em seus livros tece duras críticas a religião, a cultura, a filosofia e os valores da civilização ocidental. Versa sobre todas as mais importantes questões da filosofia sem criar um sistema filosófico, tendo por toda a sua obra essas questões presentes em formas de reflexões e aforismos.
E dentre tantos temas abordados pelo filósofo trataremos aqui de sua visão a cerca de algum dos temais mais centrais da filosofia desde a sua origem, a ética, a lógica, a epistemologia e a ontologia/metafísica. Além de um comentário a respeito de seu livro mais conhecido Assim Falou Zaratustra.
Ética: A ética de Nietzsche como todo o seu pensamento surge de uma crítica e uma oposição a ética tradicional. Ela defende que o pensamento ético iniciado na Grécia com Sócrates, nega os sentidos e a vida, ao focar na razão e em ideias supremas e absolutas, que a cultura ocidental identifica como verdades.
Para o filósofo a verdade não é fruto da curiosidade humana mas de uma necessidade de consolo diante dos desafios da existência. O que levou a humanidade a conceber uma ideia de moral em que em outro mundo, em outro plano existe a felicidade e uma vida eterna, e essa existência terrena seria apenas um lugar de culpa e sofrimento.
Nietzsche chama essa ideia de moral de rebanho, onde os fracos, ressentidos, acreditam que serão recompensados em outra vida pela sua vida difícil e obediente aos princípios éticos e religiosos, enquanto os fortes, aristocratas, os senhores são identificados com o mau, aqueles que serão punidos por sua soberba e dominação. E para Nietzsche aqui temos um grande erro histórico, pois para ele o “bom” é justamente o forte, aquele que é dono de si e do seu destino, que age de acordo com a sua vontade vivendo o agora e para si.
Lógica: O mesmo tipo de crítica faz Nietzsche a lógica. O tema aparece pouco em seus escritos, mas sempre quando aparece ela é rechaçada. Para o filósofo alemão a lógica é uma dessas verdades que a humanidade criou para se consolar dado o mistério da existência.
É uma criação da linguagem que visa nos dar algum sentido no mundo, deixa-lo mais organizado. Mas é falsa e suas conclusões por tanto são falsas. Para ele a lógica é uma inimiga da vida, que precisa ser mais voltada aos sentidos e menos a razão.
Epistemologia: Como dito, Nietzsche não criou um sistema filosófico, e suas ideias sobre o conhecimento estão diluídas em seus diversos escritos. Entretanto, em geral, os estudiosos concordam que para o filósofo não existe a possibilidade do conhecimento, pois a verdade não está a nosso alcance. As “verdades” que conhecemos são invenções humanas e imposições da cultura.
Dessa forma em Nietzsche o que temos é um perspectivismo, ou seja, cada um pode dar a sua perspectiva sobre algo, sobre um fato, sobre uma ideia. É algo relativo, uma interpretação.
Metafísica: Negando a ideia de verdades e de valores supremos, Nietzsche nega a metafísica, declara inclusive que Deus está morto, querendo dizer que este tipo de conhecimento é ilusório e que essas questões não estão ao alcance do homem.
Assim para o filósofo, metafísica e ontologia eram mais uma crença tradicional que surge com a filosofia clássica grega, cuja qual ele era um crítico ferrenho. Contra a ideia do ser e mais de acordo com sua noção de perspectivismo Nietzsche propunha a ideia de devir, de uma realidade sempre em transformação, sempre em mutação, conceito que empresar do filósofo pré-socrático Heráclito.
Assim falou Zaratustra: Com o subtítulo de “um livro para todos e para ninguém” essa é a obra mais conhecida e influente de Nietzsche. Ela trás de uma forma poética e fictícia um apanhado geral de suas principais ideias e conceitos.
O livro narra as aventuras de Zaratustra um profeta e filósofo que se dedica a ensinar aos homens. Entre seus ensinamentos principais está a ideia de que o homem precisa superar todos os seus valores e dar um passo além em sua evolução. Para Zaratustra o homem como o conhecemos está em um estado de transição entre o macaco e o “além-do-homem”, e seus ensinamentos seriam justamente o caminho para que o homem supere a si mesmo a vá além.
O livro é uma dura crítica a civilização, a religião cristã, a moral, enfim, todos os valores milenares que compunham a cultura ocidental no século XIX, e que permanecem presentes ainda em nossos dias, mostrando que o homem ainda não se superou e ainda está distante do “além do homem” profetizado pelo controvertido filósofo alemão.

Um filósofo que ainda suscita muitos debates e tem aspectos de sua filosofia um pouco incompreendidos, que trás trechos polêmicos e ideias que continuam ousadas ainda na segunda década do século XXI, mais de 100 anos depois de sua trágica morte.
Um dos pensadores mais influentes do século passado e que tudo indica continuará a ser muito influente por muitos e muitos anos. Uma leitura obrigatória, mesmo aqueles que não se interessam pela filosofia. Pois Nietzsche, como ele mesmo disse filosofava com um martelo, e suas ideias batem forte em nossas cabeças, e são capazes de fazer estragos grandes e abrir nossas mentes para mundos novos e perspectivas inéditas, como poucos homens foram capazes de fazer.
Bibliografia
Aranha, Maria Lúcia Arruda, Filosofando, Introdução a Filosofia, 2ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 1995.
Mondin, Battista. Curso de Filosofia, Vol. 3, 6ª edição. São Paulo: Paulus, 1883.
Nietzsche, Friedrich. Assim Falou Zaratustra, 1ª edição. São Paulo: Editora: Martin Claret, 2002.
Nietzsche, Frederich. Obras Incompletas, 3ª. edição. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
Nietzsche, Friedrich. Para Além do Bem e do Mal, 1ª edição. São Paulo: Editora: Martin Claret, 2003.